Webinar – Conhecendo, compreendendo e estimulando a criança TEA – São Tiago

Resumo

Luciane, da Gestão Inclusiva iniciou a reunião, dando as boas-vindas e ressaltando a importância do tema “Conhecer, compreender, estimular a criança dentro do autismo”, destacando o aumento de diagnósticos. Luciane Campos explicou que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento e do comportamento, enfatizando que é um espectro e que os níveis de suporte (1, 2 e 3 do DSM-5) são dinâmicos e não limitam o potencial cognitivo do indivíduo. Ela também abordou fatores de risco, comorbidades e a importância do acompanhamento multiprofissional. A Luciane da Gestão Inclusiva e Diana Mata compartilharam os avanços na rede de suporte municipal, incluindo a parceria com a APAE para um centro de atendimento e a contratação de psicólogos para as escolas.

 

Detalhes da Reunião

Formação Continuada

Luciane Campos destacou a importância da formação continuada, ressaltando que, mesmo revendo o mesmo assunto, novas conexões e compreensões surgem a cada vez, adaptando-se às possibilidades disponíveis. Ela também enfatizou que cada pessoa está em um ponto diferente da aprendizagem, o que torna a formação sempre relevante.

 

Condução da Reunião

Luciane Campos informou que, apesar da parceria com a Nivânia, ela seria a principal condutora da reunião. Diana Mata desejou um bom trabalho a todos, reforçando a importância de valorizar a presença dos que puderam comparecer.

 

Compreensão do Autismo (DSM-5)

Luciane Campos explicou que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento e do comportamento de etiologia múltipla, e não uma deficiência, embora legalmente garanta os mesmos direitos de uma pessoa com deficiência. Ela enfatizou que é um espectro de possibilidades, onde as características variam em complexidade de pessoa para pessoa, e que o desenvolvimento do sujeito é influenciado por diversas oportunidades e acesso a terapias.

 

Critérios Diagnósticos e Dados Atualizados

Luciane Campos detalhou que os critérios de diagnósticos para o autismo incluem comprometimento na interação social e na comunicação, e que o diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar. Ela corrigiu um dado desatualizado, informando que a prevalência mais recente (2022/2023) é de 1 a cada 31 pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), mostrando um aumento constante nos índices desde 2004, quando a prevalência era de 1 a cada 150.

 

Fatores de Risco e Comorbidades

Luciane Campos abordou os fatores de risco do autismo, como histórico familiar, idade dos pais, baixo peso e prematuridade. Ela também destacou que o diagnóstico é mais comum no sexo masculino (4 meninos para 1 menina) e mencionou o “masque” em meninas, que podem mascarar comportamentos. Além disso, 70% dos casos de autismo estão associados a alguma comorbidade, como deficiência intelectual, TDAH ou Transtorno Opositor Desafiador (TOD).

 

Transtornos Alimentares e Acompanhamento Multiprofissional

Luciane Campos salientou a importância de considerar transtornos alimentares associados ao autismo, que podem desorganizar a criança e necessitar de acompanhamento com gastroenterologista ou nutricionista, além de psiquiatra, neurologista e psicólogo. Ela enfatizou a necessidade de conhecer bem a criança e suas formas de comunicação para definir o acompanhamento necessário.

 

Níveis de Suporte (DSM-5 vs. CID-11)

Luciane Campos explicou que o DSM-5 classifica o autismo em níveis de suporte (1, 2 e 3) que, embora por vezes questionados, indicam a necessidade de apoio. Ela mencionou que o CID-11 apresenta uma forma diferente de diagnóstico, especificando o comprometimento da linguagem funcional e a presença de deficiência intelectual associada.

 

Variação dos Níveis de Suporte

Luciane Campos esclareceu que o nível de suporte necessário para uma pessoa autista pode mudar ao longo da vida, dependendo de seu desenvolvimento, estímulos e oportunidades. Ela enfatizou que a pessoa não deixa de ser autista, mas o nível de suporte pode variar, inclusive aumentando caso não haja estímulo ou suporte adequado.

 

Autismo “Leve” e Organização Neurológica

Luciane Campos destacou que não existe autismo “leve” ou “grave”, mas sim uma forma diferente de organização neurológica. Ela explicou que pessoas com autismo que conseguem estudar e trabalhar ainda enfrentam desafios diários, e que a capacidade de se autorregular e lidar com esses desafios depende dos suportes e recursos disponíveis, variando de acordo com o ambiente e o vínculo estabelecido com as pessoas.

 

Nível de Suporte Dinâmico e Contextual

Luciane Campos enfatizou que o nível de suporte é dinâmico e contextual, variando conforme a necessidade do indivíduo em cada momento e ambiente. Ela explicou que um estudante pode precisar de mais suporte no ensino fundamental do que na educação infantil, ou o inverso, e que a idade não é o único determinante. Ela alertou para o risco de acomodação quando há um profissional de apoio, ressaltando que o suporte deve ser oferecido na medida da necessidade para não impedir o desenvolvimento da autonomia.

 

Exemplificação dos Níveis de Suporte (Nível 1)

Luciane Campos exemplificou o Nível 1 de suporte, que, embora necessite de “pouco suporte”, enfrenta muitos desafios. As características incluem dificuldade em seguir normas sociais, iniciar e gerenciar interações, comportamento inflexível, rigidez na rotina e a camuflagem social (masking), onde o indivíduo se esforça para se adequar e esconder o autismo. Ela destacou que essa camuflagem pode gerar sofrimento emocional e a necessidade de acompanhamento psicológico.

 

Exemplificação dos Níveis de Suporte (Nível 2)

Luciane Campos explicou que o Nível 2 de suporte apresenta déficits mais claros na comunicação verbal e não verbal, comportamentos repetitivos mais frequentes, grande dificuldade com mudanças de rotina e flexibilidade cognitiva, e interesses restritos (hiperfoco). Ela ressaltou que, mesmo com suporte, a iniciativa para interagir é limitada, e a reorganização após desorganizações é mais difícil, necessitando de suporte constante.

 

Exemplificação dos Níveis de Suporte (Nível 3)

Luciane Campos descreveu o Nível 3 de suporte como demandante de suporte substancial e contínuo para a vida diária. As características incluem déficit severo na comunicação (frequentemente não verbal), mínima resposta à interação, grande rigidez comportamental, resistência a mudanças e a ocorrência de comportamentos auto lesivos. Ela mencionou que o estresse a mudanças de tarefa é muito grande, e que esses indivíduos podem adotar comportamentos repetitivos como bater o corpo ou se balançar.

 

Potencial e Capacidade Cognitiva

Luciane Campos afirmou que o nível de suporte não é uma barreira para o potencial do indivíduo e não está diretamente ligado à capacidade cognitiva. Ela compartilhou um exemplo de uma pessoa com Nível 3 de suporte que era não verbal, mas extremamente inteligente e alfabetizada, capaz de pesquisar na internet. Ela também desmistificou a ideia de que todo autista Nível 1 possui altas habilidades, explicando que o hiperfoco não significa necessariamente altas habilidades, podendo ser uma válvula de escape para autorregulação.

 

Acompanhamento Terapêutico e Desenvolvimento

Luciane Campos enfatizou que o acompanhamento terapêutico a longo prazo é fundamental para que a pessoa autista conheça sua individualidade e desenvolva suas capacidades. Ela reforçou que o nível de suporte pode diminuir ou aumentar, dependendo dos estímulos e oportunidades, e que entender isso traz segurança para as intervenções, como mencionado por Diana Mata.

 

Conhecer o Indivíduo Autista na Escola

Luciane Campos destacou a importância de conhecer as preferências do estudante autista, pois isso pode ser crucial para acalmar crises e estabelecer vínculo, não sendo considerado “mimo”. Ela também ressaltou a necessidade de conhecer as particularidades de cada caso para um suporte eficaz.

 

Desafios do Autismo na Sala de Aula

Luciane Campos e Geseli Batista discutem os desafios de crianças autistas na sala de aula, como hiperatividade motora, falta de concentração e dificuldade de interação, que se tornam mais evidentes na estrutura escolar. Elas também mencionam que a alfabetização e a aprendizagem são áreas comuns de dificuldade para crianças autistas, exigindo suportes e atividades diferenciadas, mas ainda alinhadas com o conteúdo programático.

 

Lidando com Birras e Comportamentos Desafiadores

Luciane Campos e Diana Mata abordam como lidar com birras de crianças autistas, sugerindo que, em vez de ceder imediatamente, deve-se ensinar a criança a pedir o que deseja. Luciane Campos explica que o processo inclui ensinar a criança a pedir e, posteriormente, a aceitar um “não”, desenvolvendo um repertório de comunicação mais eficaz do que a birra.

 

A Importância do Suporte Individualizado e da Colaboração em Rede

Luciane Campos e Geseli Batista enfatizam a necessidade de um estudo de caso individualizado para cada criança, considerando suas dificuldades, potencialidades e recursos disponíveis, visto que muitas crianças chegam à escola sem estímulos prévios. Luciane Campos destaca a importância da colaboração em rede entre a escola e outros serviços municipais, como saúde, assistência e esporte, para garantir um desenvolvimento mais eficaz e respostas positivas, pois a intervenção precoce é crucial.

 

Avanços e Planejamento Futuro na Rede de Suporte

A Luciane da Gestão Inclusiva e Diana Mata compartilham os avanços na criação de um centro de atendimento em parceria com a APAE, que está proporcionando suporte especializado, incluindo neurologia, psicologia e terapia ocupacional. Eles também mencionam a contratação de novos psicólogos para as escolas, visando aprimorar o suporte emocional e a avaliação multidisciplinar, com planos de aprofundar esses temas em futuras etapas, como o uso de recursos para organização em sala de aula.

 

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