Aluno especial: o aluno não deve ser especial por ter alguma deficiência ou transtorno, portanto, todos os alunos devem ser especiais aos olhos do professor. O correto é se referir ao estudante com deficiência como: “aluno/pessoa com deficiência” ou “aluno/pessoa com deficiência intelectual (ou auditiva, ou visual, ou física, ou múltipla)” ou “aluno/pessoa com autismo” ou “aluno/pessoa com necessidades educacionais específicas” etc.
Aluno de inclusão: o aluno não é de inclusão, pois inclusão é a proposta de aceitar a diversidade e se relacionar com todas as pessoas dentro dessa perspectiva. Esse aluno, considerado como “de inclusão” é o “aluno público-alvo da educação especial”.
Autista (usado como adjetivo): não se deve usar a expressão aluno/pessoa autista, pois o autismo não é uma caraterística e sim uma condição. O correto seria dizer “aluno/pessoa com autismo” ou “aluno/pessoa com transtorno do espectro autista”.
Cadeirante: na linguagem coloquial não está errado, mas na linguagem profissional não deve ser usado, pois o referencial dessa palavra é cadeira e, antes de tudo, há uma pessoa sentada nesse objeto. A cadeira não faz parte da pessoa. O correto é dizer “pessoa em cadeira de rodas” ou “usuário de cadeira de rodas”, assim estamos dando ênfase à pessoa e não à cadeira.
Deficiência mental: a deficiência da pessoa não é na mente e sim na inteligência, ou seja, a inteligência da pessoa funciona abaixo do esperado, considerando sua idade e condição social. O correto é “deficiência intelectual”.
Deficiente (substantivo): quando dizemos “o deficiente” estamos afirmando que a pessoa é deficiente em sua totalidade. Por outro lado, quando dizemos “pessoa com deficiência” estamos afirmando que essa pessoa tem uma condição de deficiência, mas tem outras condições que não o são.
Deficiente (adjetivo): quando dizemos “pessoa deficiente”, assim como foi afirmado anteriormente, estamos afirmando que a pessoa é deficiente em sua totalidade. Por outro lado, quando dizemos “pessoa com deficiência” estamos afirmando que essa pessoa tem uma condição de deficiência, mas tem outras condições que não o são.
Doença mental: essa expressão, pela palavra “doença” dá ideia de uma enfermidade. Com a campanha antimanicomial, substituiu-se essa palavra por “transtorno”. Portanto, o correto é dizer “transtorno mental”, pois se trata de um transtorno da mente.
Escola regular: o que é “regular” é o ensino, pois ele é regulamentado por legislações construídas pelo poder público. Dentro do ensino regular temos “escolas comuns”, que é a escola para todos e as “escolas especiais”, que são aquelas que existem para os que dela necessitam por causa da gravidade de suas condições de deficiência ou transtorno. Ambas, escola comum e escola especial são regulares, pois são regulamentadas.
Necessidades Educacionais Especiais: não está incorreto, mas as necessidades da pessoa não são especiais e sim específicas. Portanto, o mais indicado seria dizer “necessidades educacionais específicas”, pois elas são específicas da condição de deficiência ou transtorno da pessoa.
Normal: essa palavra não deve ser usada porque o seu contraponto é “anormal”, deixando transparecer que quem não é considerado normal, seria anormal. Dessa forma, devemos nos referir àquelas pessoas que não têm nenhuma deficiência ou transtorno como uma pessoa “não deficiente”. Atualmente, também, são utilizados os termos “típicos” e “atípicos”, populares entre pais, médicos e educadores para definirem características que diferenciam a vivência e o aprendizado de pessoas com deficiência, autismo e outras condições como atípicas e, para aqueles que não possuem essas condições são típicas.
Portador: essa palavra deixou de ser usada porque “portar” significa “carregar” e as pessoas com deficiência ou com transtorno não carregam sua deficiência ou transtorno, mas estas são uma condição. Por isso, o correto é se referir ao estudante com deficiência ou transtorno como: “aluno/pessoa com deficiência ou transtorno” ou “aluno/pessoa com deficiência intelectual (ou auditiva, ou visual, ou física, ou múltipla)” ou “aluno/pessoa com autismo” ou “aluno/pessoa com necessidades educacionais específicas” etc.
Referenciar a pessoa pela sua condição de deficiência ou por sigla: é incorreto dizer “aluno/pessoa Down” ou “aluno/pessoa DI” (querendo dizer com deficiência intelectual) ou “aluno/pessoa PC” (querendo dizer com Paralisia Cerebral) ou “aluno/pessoa TEA”. E outras siglas como PcD (pessoa com deficiência), DA (deficiência auditiva), DV (deficiência visual) etc.
Transtornos Globais do Desenvolvimento: essa expressão ainda é encontrada em vários documentos normativos, ela se refere a autismo, síndrome de Asperger, síndrome de Rett e transtorno desintegrativo da infância. A partir do DSM-V, publicado em 2013, todas essas condições passaram a fazer parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA), portanto, a expressão “transtornos globais do desenvolvimento” deve ser substituída por “Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Obs.: existem outros termos que, apesar de quase não serem mais pronunciados, ainda ouvimos, principalmente, de pessoas leigas e pouco escolarizadas ou por aqueles que os utilizam como ofensa. Esses termos são: aleijado, idiota, imbecil, louco, retardado e outros.
Autora: Sandra Souza – Profissional da Inclusiva Gestão da Diversidade Escolar
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Possui mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2008), doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2019) e doutorado em Psicologia e Ciências da Educação pela Universidade do Porto (2018). Atualmente é professora da Universidade FUMEC e concurso público da Escola Estadual Pestalozzi. , atuando principalmente nos seguintes temas: educação inclusiva, escola comum, políticas da see-mg para a educação inclusiva, formação de professores para a educação inclusiva e inclusão.